Hoje, viajaremos até as profundezas dos oceanos para desvendar o mistério por trás destas estranhas criaturas: as sereias.
O mito
Histórias de sereias vem sido contadas desde que o ser humano descobriu a água. Geralmente, as sereias são retratadas como seres humanos que, no lugar de suas pernas, possuem uma cauda semelhante à de um peixe ou de um golfinho. Ainda que existam controvérsias, esta é a aparência mais aceita e adotada nas lendas. Além disso, as sereias mitológicas possuem habilidades especiais, como a de respirar tanto dentro quanto fora d'água, e uma voz mística, capaz de encantar e enfeitiçar quem quer que ouvir seu canto. As sereias dos mitos podem viver tanto no oceano quanto em rios, ou até mesmo dentro de uma piscina ou banheira, se assim for necessário. Algumas lendas contam que, se uma sereia passar muito tempo longe da água, sua cauda vai gradativamente se transformar em um par de pernas humanas, mas a história mais aceita é a de que elas simplesmente morrerão se isso acontecer.
A realidade
Na vida real, as sereias são bem menos fantasiosas do que na mitologia: são, de fato, criaturas humanóides que vivem no oceano, mas isso se deve ao fato de que elas são, na verdade, seres humanos atingidos por uma doença que modificou seu sistema respiratório e um de seus rins, conectando um ao outro e fazendo com que o organismo passasse a absorver oxigênio da água, filtrada pelo rim modificado. Além disso, as sereias da vida real desenvolveram uma fina membrana que liga cada um de seus dedos, tanto das mão, quanto dos pés, criando nadadeiras. Quanto à alimentação, esta continua sendo quase humana, com exceção de que é quase impossível cozinhar qualquer alimento debaixo d'água, obrigando-os a comer carne e plantas cruas. O estômago, no entanto, não se adapta com a doença, forçando uma lenta transformação, conforme a sereia se alimenta do que tem disponível no fundo do mar. Quando uma sereia morre, seu corpo é atacado por uma forte hemorragia interna, forçando quase todo o sangue a sair do corpo. Além disso, elas são particularmente sensíveis à luz solar, preferindo ficar nas profundezas do oceano.
A ciência
A infecção de uma sereia se dá a partir de bactérias anaeróbias, que possuem grande facilidade em se multiplicar dentro de um organismo humano. São elas as responsáveis por modificarem o sistema respiratório das sereias, e isso se dá por uma questão de sobrevivência: elas morrem instantaneamente em contato com o ar. Quando chegam em sua nova casa, elas gostam do lugar e percebem que é lá que elas querem ficar. Para não correr o risco de que o humano saia da água, elas fazem com que ele tenha a necessidade de permanecer nela. Na verdade, ainda não se sabe exatamente como ocorre a infecção, mas acredita-se que estas bactérias sejam provenientes de algum tipo exótico de coral, ou mesmo de um raro tubarão ainda não descoberto. O que ocorre após isso são apenas consequências: quando as bactérias percebem que a sereia pode permanecer mais tempo viva se puder se locomover melhor na água, criam, aos poucos, membranas entre os dedos, utilizando células mortas capturadas em seu caminho para as unhas. Quando percebem que a sereia, mesmo sabendo que não pode respirar fora d'água, ainda tenta subir à superfície, criam uma forte sensibilidade à luz, especialmente a luz solar, forçando-a a ficar sempre submerso.
O esconderijo
Aí vem a pergunta: mas então, por que as sereias ainda não foram descobertas e catalogadas oficialmente? Bom, isso se deve a uma série de fatos. O primeiro deles é a necessidade de ficar nas profundezas, nunca subindo o bastante para ser encontrado por seres humanos comuns. O segundo deles é a raridade: o organismo causador da infecção é tão raro que nem ele foi descoberto e catalogado, quanto menos a doença em si. O terceiro deles é o fato de que, quando a sereia morre, as bactérias, que residiam basicamente em seu sangue, saem para procurar um novo habitat, levando, consigo, grande parte do sangue da sereia. Oras, sangue na água é igual a tubarões, que atacam violentamente os corpos das sereias mortas, não deixando qualquer evidência. Finalmente, temos a superstição humana a serviço de tudo: quem iria acreditar se você voltasse para casa dizendo que viu uma pessoa te olhando debaixo d'água, sem ajuda de nenhum equipamento de mergulho?