domingo, 19 de junho de 2011

Teorias principais

Atenção dividida (teoria do telefone celular)
Dr. Alan Brown vem tentando recriar um processo que ele acha ser similar ao déjà vu. Em estudos na Duke University e SMU, ele e a colega Elizabeth Marsh testaram a idéia da sugestão subliminar. Eles mostraram fotografias de vários locais a um grupo de estudantes, planejando perguntar a eles quais locais eram familiares. Antes de mostrar aos estudantes algumas das fotografias, eles projetaram instantaneamente as fotos na tela a velocidades subliminares (cerca de 10 a 20 milisegundos), tempo suficiente para o cérebro registrar a foto mas não suficiente para o aluno percebê-la conscientemente. Nessas experiências, as imagens que tinham sido mostradas subliminarmente foram apontadas como sendo familiares em uma proporção muito maior do que as que não tinham sido mostradas, embora os estudantes que realmente estiveram naqueles locais tenham sido tirados do estudo. Larry Jacoby e Kevin Whitehouse, da Universidade de Washington, fizeram estudos similares usando listas de palavras e tiveram resultados parecidos. 

Com base nessa idéia, Alan Brown propôs o que ele chamou de teoria do telefone celular (ou atenção dividida). Isso significa que, quando estamos distraídos com alguma outra coisa, captamos subliminarmente o que está ao nosso redor mas não registramos de modo consciente. Então, quando somos capazes de nos concentrar no que estamos fazendo, esses ambientes periféricos dão a sensação de já serem familiares para nós, mesmo quando não deveriam ser. 

Com isso em mente, é lógico entender como podemos andar por uma casa pela primeira vez, talvez ao conversar com o dono da casa e ter um déjà vu. Poderia funcionar mais ou menos assim: antes de realmente olharmos para o local, nosso cérebro já o processou visualmente e/ou através do odor ou som, de modo que, quando realmente olhamos para ele temos a sensação de que já estivemos lá antes. 

A teoria do holograma

O psiquiatra holandês Hermon Sno propôs a idéia de que as memórias são como hologramas, significando que você pode recriar a imagem tridimensional inteira a partir de qualquer fragmento do todo. Contudo, quanto menor o fragmento, mais confuso o quadro final. O déjà vu, segundo ele, acontece quando algum detalhe do ambiente onde estamos no momento (uma vista, som, odor, etc.) é similar a algum resquício de memória do nosso passado e o cérebro recria uma cena inteira a partir desse fragmento. 

Outros pesquisadores também concordam que um pequeno fragmento de familiaridade pode estar semeado, criando a sensação de déjà vu. Por exemplo, você sai para dar uma volta com um amigo em um carro antigo ano 1964 e tem uma forte sensação de déjà vu, mas não chega a lembrar (ou nem mesmo está ciente do fato) que seu avô tinha o mesmo tipo de carro, e você está lembrando de quando andou nesse carro quando era bem pequeno. O cheiro, a aparência e a textura do assento ou do painel podem trazer de volta memórias que você nem sabia que existiam. 

Processamento duplo (ou visão atrasada)
Outra teoria baseia-se no modo como nosso cérebro processa as informações novas e como ele as armazena em memórias de longo e curto prazo. Robert Efron testou uma idéia no Veterans Hospital de Boston, em 1963, que se mantém como uma teoria válida atualmente. Ele propôs que uma resposta neurológica atrasada causa o déjà vu. Como a informação entra nos centros de processamento do cérebro através de mais de uma via, é possível que ocasionalmente essa mistura de informações não ocorra em total sincronia. 

Efron descobriu que o lobo temporal do hemisfério esquerdo do cérebro é responsável por classificar as informações que chegam. Ele descobriu também que o lobo temporal recebe duplicadas essas informações, que chegam com um leve atraso (de milissegundos) entre elas: a primeira vem diretamente e a outra passa primeiro pelo hemisfério direito do cérebro. Se essa segunda transmissão tem um atraso um pouco maior, o cérebro pode classificar de modo errado essa parte da informação e fazer seu registro como sendo uma memória passada, porque ela já foi processada. Isso poderia explicar o súbito senso de familiaridade. 

"Memórias" de outras fontes
Essa teoria propõe que temos muitas memórias armazenadas que vem de diferentes aspectos da nossa vida, incluindo não apenas nossas próprias experiências mas também filmes e quadros que vimos, assim como livros que lemos. Podemos ter memórias muito fortes de fatos sobre os quais lemos ou vimos sem que realmente os tenhamos experimentado, e com o tempo essas memórias podem ser empurradas para o fundo da nossa mente. Quando vemos ou experimentamos algo muito similar a uma dessas memórias, podemos experimentar uma sensação de déjà vu. 

Por exemplo, quando era criança você pode ter visto um filme com uma cena em um restaurante ou ponto turístico famoso. Então, quando você já adulto visita o mesmo local, sem lembrar-se do filme, o local parece ser muito familiar. 

Sonhos precognitivos
Alguns pesquisadores, incluindo o cientista suíço Arthur Funkhouser, acreditam que os sonhos precognitivos são a fonte de muitas experiências de déjà vu. J.W. Dunne, um engenheiro da aeronáutica que projetava aviões na Segunda Guerra Mundial, conduziu estudos em 1939 usando estudantes da Universidade de Oxford. Seus estudos descobriram que 12,7% dos temas dos sonhos tinham similaridades com eventos futuros. Estudos recentes, incluindo um realizado por Nancy Sondow, em 1988, apresentaram resultados similares de 10%. 

Esses pesquisadores também juntaram evidências de sonhos precognitivos às experiências de déjà vu que ocorreram em algum ponto a partir daquele dia até oito anos depois. Tem-se perguntado por que as experiências propriamente ditas são normalmente de acontecimentos cotidianos banais. Uma explicação de Funkhouser é que algo mais marcante tem maior probabilidade de ser lembrado, tornando menos provável uma experiência de déjà vu. 

Embora o déjà vu venha sendo estudado como fenômeno por mais de 100 anos e os pesquisadores tenham proposto várias teorias sobre sua causa, não há uma explicação simples para o que ele significa ou por que acontece. Talvez, à medida que a tecnologia avança e aprendemos mais sobre o funcionamento do cérebro, também aprendamos mais sobre por que experimentamos esse estranho fenômeno.

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