Daily Mail / Reprodução Esta imagem do monstro do lago Ness é conhecida como foto do cirurgião e é uma das maiores fraudes da história da fotografia |
Nas terras altas da Escócia, uma região onde o sol só aparece 48 dias por ano, existe um lago sempre coberto por uma névoa que é mundialmente conhecido: o lago Ness. O motivo da fama? Reza a lenda que em suas águas profundas (226 m) vive um monstro marinho parecido com o plesiossauro, um réptil pré-histórico que viveu no período mesozoico (os plessiossauros tinham um pescoço muito grande e uma cabeça pequena e se deslocavam com a ajuda de enormes membros em forma de barbatana).
O primeiro registro escrito do monstro do lago Ness foi feito no século 16 pelo monge e missionário irlandês São Columbano. Segundo Columbano, ele teria salvado um picto [antigo habitante da escócia] das garras do monstro. Mas Columbano não descreve a criatura, somente seu ato heroico. Em 1923, o monstro foi descrito por Alfred Cruickshank como uma criatura de cerca de 3 m de comprimento e dorso arqueado. Dez anos depois, o jornal local "Inverness Courier" publicou uma reportagem sensacionalista contando que o monstro aterrorizante foi visto por um casal entrando e saindo da água. A partir de então, relatos sobre a existência da criatura começaram a pipocar e atraíram para o lago o repórter free lancer do Daily Mail Marmaduke Wetherell.
A foto ficou conhecida pelo nome de foto do cirurgião, porque Wetherell usou o nome do cirurgião R.K. Wilson como autor, para conferir maior credibilidade à imagem. Como ele mesmo acabou confessando depois, a mais famosa fotografia do monstro era falsa. Entre a publicação da foto, em maio de 1934, e a confissão de Wetherell, em 1994, o suposto monstro do lago Ness virou a maior atração da Escócia, um país de paisagens belíssimas cuja história é recheada de mitos fantásticos. Muitos turistas montavam acampamento às margens do lago à espera de uma chance de avistar ou fotografar o monstro, que a essa altura já havia ganho o carinhoso apelido de Nessie. Quem deu sorte, descreveu o monstro como sendo muito parecido com um plesiossauro, o que levou à teoria de que talvez exista no fundo gelado do lago algum exemplar que sobreviveu à extinção de sua espécie. Como seria possível que uma única criatura tenha sobrevivido por tanto tempo? A partir da dúvida surgiram novas teorias:
- Não existe apenas um plesiossauro no lago, mas uma comunidade inteira, que sobrevive graças à comida abundante do lago;
- O monstro que habita o lago não é um plesiossauro, mas, sim, um parente dele, com estrutura óssea e muscular adaptada para as baixas temperaturas do lago;
- O monstro, na verdade, seria um esturjão, um peixe de aparência estranha que é encontrado em abundância no lago;
- O monstro não seria monstro. Nem peixe. Nem parente de dinossauro nenhum. Há quem relacione os registros visuais com a liberação de gases da falha tectônica que modela o lago. Esses gases podem chegar à superfície sobre a forma de bolhas, o que explicaria o motivo pelo qual o monstro coloca a cabeça fora d'água pare respirar.
Disposta a acabar de vez com a dúvida sobre a existência de Nessie, a TV estatal inglesa BBC montou uma equipe e percorreu o lago de ponta a ponta com sonares e mergulhadores. Resultado: nenhum monstro encontrado e o veredito de que Nessie não passava de um ser imaginário.
Mas em 2007, a própria BBC acabou se rendendo à lenda. No dia 29 de maio daquele ano, a BBC da Escócia transmitiu um vídeo amador que mostrava uma criatura preta de cerca de 13 m movendo-se rapidamente no lago. Feito pelo técnico de laboratório Gordon Holmes, o vídeo, que está sendo estudado por biólogos, registra o que é considerada uma das "mais extraordinárias aparições do monstro". E a lenda continua.
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