domingo, 27 de fevereiro de 2011

A estrutura de liderança

Não existe seita sem um líder poderoso e carismático. Um líder carismático possui a estranha habilidade de fazer as pessoas o seguirem sem questionamentos. 

A frase "culto de personalidade" se refere a este tipo de dinâmica de grupo. Os membros da seita são devotos do líder, não de suas idéias. Ele tem total controle sobre seus seguidores, ninguém questiona suas decisões e ele não tem responsabilidade por nenhuma pessoa do grupo. 

Uma seita pode ter mais de um líder, mas isso é incomum. A maioria das seitas religiosas exige devoção absoluta a uma única pessoa que é considerada o Deus, ou conectada diretamente a Ele (o Messias), a um profeta ou a algum outro de posição sagrada. Este é um componente importantíssimo para manter a devoção absoluta: para os membros de uma seita, apenas essa pessoa pode levá-los à salvação. Sem ela, eles passarão a eternidade no inferno. 




Cedido por Getty Images; Nine Network Austrália
David Koresh
Como uma pessoa consegue uma posição como esta? Uma cena comum é um pregador ou membro de igreja que tenha sido expulso de lá por pregar idéias extremas ou não convencionais ou por mostrar sinais de desonestidade ou instabilidade. Quando ele vai embora, seus seguidores vão junto, ou ele se junta a uma seita já existente e acaba fazendo de tudo para ter controle. David Koresh, líder da seita dos Davidianos, que foi cercada e destruída pelo governo americano em 1993, pregava em uma igreja cristã antes de ter sido expulso por "influenciar negativamente" alguns membros mais jovens da igreja. O reverendo James (Jim) Warren Jones, que deu ordens a centenas de membros do Templo do Povo para que bebessem um ponche envenenado em Jonestown, Guiana, em 1978, havia sido ordenado como pastor de uma igreja cristã comum. 

Mas nem todos começam em uma religião normal. Alguns líderes são simplesmente indivíduos anti-sociais e destrutivos que pensam ter um talento especial para manipular as pessoas. Charles Manson se encaixa nesta categoria.





Foto cedida por Getty Images; Fotos International
Charles Manson (de braço erguido) rodeado por sua "família" no início dos anos 70
 
Manson era o carismático líder de uma seita do dia do juízo final (que a mídia apelidava de "A Família") com mais de cem membros, próxima a Los Angeles, Califórnia. Ele passou quase toda a juventude nas ruas ou na prisão. Em uma instituição, Manson era descrito como um jovem muito perturbado emocionalmente que precisava de orientação psicológica. Era também classificado como violento e manipulador. Depois de ter completado 18 anos, seus crimes passaram de furtos e roubos de carros para intermediação de prostitutas, estupro e fraude. Em 1967, Manson foi posto em liberdade condicional e foi para São Francisco, onde virou hippie e conseguiu vários seguidores, a maioria mulheres jovens perturbadas e desiludidas com os Estados Unidos. Charlie tornou-se o guru destas pessoas. Ele pregava que o mundo seria destruído por uma guerra racial. Negros destruiriam pessoas brancas ricas e ganhariam uma posição de dominância, mas a estrutura de poder dos negros iria por água abaixo devido à inexperiência. Depois, a Família Manson apareceria para dominar o mundo. 




Foto cedida por Getty Images
Sahm Doherty / Fotos da Time and Life
Manson sendo levado de um julgamento em 1969
Manson referia-se a si mesmo como a reencarnação de Jesus. Seus seguidores o chamavam de "Deus" ou "Diabo". Manson e os membros de sua seita assassinaram pessoas brutalmente, cometendo o mais famoso assassinato coletivo, atirando e esfaqueando sete pessoas em dois dias, inclusive a atriz Sharon Tate (esposa do diretor Roman Polanski), que na ocasião estava grávida de oito meses. A maioria dos relatos concluiu que Manson mandou seus seguidores matarem suas vítimas brutalmente, mas ele mesmo nunca matou ninguém. Seu poder sobre sua "família" era absoluto. Enquanto estava sendo julgado por assassinato, um de seus seguidores, Lynette Fromme, protestou gravando um "X" em sua testa nas escadarias do palácio da justiça. Mais tarde, Fromme tentou matar o presidente Gerald Ford, na tentativa de chamar atenção novamente para o caso Manson. 

Em março de 2006, Charles Manson ainda estava na prisão, e durante o tempo que esteve preso recebeu milhares de cartas de pessoas que esperam se tornar membros da Família Manson. Manson encontrou seus seguidores entre os drogados, pessoas mentalmente perturbadas e pessoas que eram contra as instituições americanas nos anos 60, em São Francisco. Mas nem todos os líderes encontram uma base já pronta de prováveis recrutas. 

A escolha de pessoas para participarem das seitas é um assunto polêmico, pois alguns acreditam que esse tipo de seleção tenha acabado desde seu auge, nos anos 70, e outros que está apenas mais sutil. Seja qual for o grau do problema, existem pessoas por aí procurando por prováveis membros para seitas. Na próxima seção, vamos conhecer algumas técnicas para a escolha e recrutamento dessas pessoas.

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