quinta-feira, 5 de maio de 2011

Controvérsias sobre o vodu

White Zombie box shot

Depois que se difundiu no Haiti, o vodu haitiano se espalhou para outras partes do mundo. Os escravos levados do Haiti para o delta do rio Mississipi levaram suas tradições com eles, e o vodu se expandiu a partir dali. Hoje, as pessoas praticam diversas formas de vodu haitiano abertamente, no Haiti. Em outras localidades, as pessoas, muitas vezes, praticam a religião de maneira mais clandestina. 

Em muitas partes do mundo ocidental, as pessoas encaram o vodu com desconfiança. Algumas o vêem como claramente malévolo, e como encorajamento ao culto do diabo. Em certos países, missionários fazem esforços deliberados para converter os praticantes do vodu ao cristianismo. Existem diversas razões para que essas opiniões se tenham desenvolvido.

De 1915 a 1935, o Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos (USMC) ocupou o Haiti. Ao longo desse período e depois, o Haiti se tornou cenário de filmes e livros que muitas vezes retratavam o vodu como sinistro, cruel e sangrento. Filmes como White Zombie, lançado em 1932, retratavam os pastores do vodu como malvados que transformavam pessoas inocentes em zumbis

Mais ou menos na mesma época, o hoodoo se tornou comum em diversas partes dos Estados Unidos, entre as quais Nova Orleans. Antes disso, Nova Orleans abrigava uma próspera comunidade de adeptos do vodu, lideradas por rainhas vodu, entre as quais duas mulheres conhecidas pelo nome Marie Laveau. Uma das Laveau desapareceu no final da década de 1870 e a segunda morreu em 1881. Sob seus sucessores, a comunidade vodu terminou por se fragmentar e perdeu visibilidade pública. Ao mesmo tempo, camelôs começaram a vender amuletos e objetos de hoodoo em toda a cidade. Com o tempo, o hoodoo, com suas maldições e feitiços, se tornou sinônimo de vodu, em Nova Orleans e outras regiões do sul dos Estados Unidos.


Tomb of Marie Laveau
Imagem de domínio público
A tumba da líder vodu Marie Laveau
Mas as representações fictícias e as percepções públicas são apenas parte do motivo para a sensação de que o vodu é sombrio ou perturbador. Além disso, a prática do vodu inclui ritos reprovados por outras religiões e culturas. Muitas cerimônias envolvem o sacrifício de animais vivos e o uso de seu sangue. Algumas requerem o uso de partes e carcaças ressecadas de animais. Embora o sacrifício de animais tenha sido parte de muitas religiões importantes, entre as quais o judaísmo, a prática foi abandonada pela maioria delas. Cobras, que muitas pessoas consideram assustadoras, também fazem parte da simbologia e são usadas em algumas cerimônias de vodu. Por exemplo, no Haiti as cobras são associadas a um dos mais poderosos loa, conhecido como Damballah. Por isso, os adeptos muitas vezes empregam imagens de São Patrício, um santo católico, que incorporam cobras, para representar Damballah. 



A idéia de possessão espiritual incomoda algumas pessoas, mas está igualmente presente em outras religiões. Por exemplo, no budismo tibetano, deuses podem ocupar temporariamente os corpos de oráculos. De acordo com o folclore tibetano, o oráculo de Nechung, ou a divindade protetora Droje Drak-den, tomando a forma de um monge budista, instruiu o Dalai Lama sobre como escapar com sucesso das forças chinesas que invadiram o Tibete em 1959. 

Uma preocupação prática quanto aos rituais do vodu envolve a saúde pública. Em certas cerimônias de vodu, os seguidores podem se ferir como sinal de fé ou demonstração do poder de um loa. Os adeptos sangram ou podem usar seu sangue como oferenda em altares e objetos rituais. Funcionários dos serviços de saúde pública dizem que isso pode encorajar a difusão de doenças. Além disso, muitos líderes vodu, especialmente em áreas rurais, oferecem conselhos médicos e remédios tradicionais. Ocasionalmente, esses conselhos contrariam o pensamento médico estabelecido com relação à difusão de vírus, especialmente o HIV e outras doenças difundidas por meio de contato com sangue infectado.

Por fim, a morte desempenha papel substancial na religião vodu. Os espíritos de ancestrais mortos, líderes e outras pessoas importantes têm parte central nas práticas vodu. Os críticos argumentam que a ênfase em apaziguar ancestrais mortos gera uma cultura de medo. Os defensores rebatem alegando que muitas outras religiões depositam ênfase semelhante no apaziguamento dos deuses. Além disso, porque a morte é um tópico que causa desconforto inerente a muitas pessoas, é lógico que uma religião na qual a morte tem papel importante cause desconforto às pessoas. 

Embora o vodu sofra com algumas coisas que as pessoas erroneamente associam a ele, alguns dos estereótipos que o cercam têm certa base nas práticas reais do vodu. Para saber mais sobre o vodu e assuntos relacionados, siga os links da próxima página. 


Outras Formas de Vodu
O vodu não é a única religião que se originou da combinação entre o cristianismo e formas tradicionais africanas de veneração. A santeria, originada em Cuba, tem diversas semelhanças com o vodu. Na santeria, os loas são muitas vezes conhecidos como orixás. Por esse motivo, culto aos orixás é muitas vezes usado como eufemismo para a santeria e o vodu. Santeria e culto aos orixás continuam a existir, especialmente em Cuba e nos países para os quais cubanos tenham emigrado.

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