terça-feira, 17 de maio de 2011

A história literária do Rei Arthur

Muitos estudiosos afirmam que a primeira menção a Arthur foi em um poema galês intitulado "Gododdin", que é uma elegia aos guerreiros escoceses (em inglês). O "Gododdin" é atribuído a um poeta do século 6 chamado Aneirin e é freqüentemente considerado a primeira literatura da Grã-Bretanha. Arthur é mencionado em apenas uma linha. Outras possíveis referências dessa época a Arthur estão no "Historia Britonum" (História dos Bretões), escrito em aproximadamente 800 d.C., e no "Annales Cambriae" (Anais de Gales), provavelmente escrito algumas centenas de anos depois. Os dois textos foram usados como fontes para várias histórias da Grã-Bretanha e de Gales, e ambos são compilações e revisões dos textos anteriores. Além disso, seus verdadeiros autores são questionados e sua precisão não pode ser comprovada.

Rei Arthur em velino
English School/The Bridgeman Art Library/Getty Images
Rei Arthur, miniatura de "Flores Historiarum", por Matthew Paris, c.1250-52 (velino)

Os primórdios do Rei Arthur como nós o conhecemos parecem estar ligados a Geoffrey de Monmouth. Esse sacerdote e escritor é autor de "Historia Regum Britannae" (História dos Reis Britânicos) no início do século 12. Estudiosos acreditam que Geoffrey baseou parte de seu texto no "Historia Britonum" e também em histórias anteriores. Alguns de seus contemporâneos chegaram ao ponto de acusá-lo de inventar muito daquilo que escreveu.

Entretanto, o "Historia Regum Britannae" se tornou incrivelmente popular e se espalhou por toda a Europa. Ele influenciou os escritores franceses e levou à criação do romance arturiano. O poeta Chretien de Troyes escreveu vários poemas sobre amor e cavalaria na metade do século 12 que incorporavam contos dos Cavaleiros da Távola Redonda. Os mais significativos estabeleceram o romance entre Lancelot e Guinevere e contaram a história da busca pelo Santo Graal.

O Ciclo Vulgata, ou Lancelot em Prosa, compila histórias em prosa que expandem os temas de Troyes e agrega ainda mais o cristianismo à lenda arturiana. Não completamente atribuídas a um único autor, essas histórias foram escritas entre 1210 e 1230. Elas explicam como José de Arimatéia, uma figura bíblica que doou seu túmulo para Jesus após a crucificação, trouxe o Graal para a Grã-Bretanha. Em uma história posterior, Galahad, o filho bastardo de Sir Lancelot, foi capaz de descobrir o Graal, pois era muito puro e devotado. O Ciclo Vulgata foi seguido pelo pós-Vulgata alguns anos depois, que revisou e acrescentou material às histórias existentes. Essa é a fonte do mito da Dama do Lago e do conto de Mordred como sendo filho de Arthur e de sua irmã Morgana.

A compilação de Sir Thomas Malory "Le Morte d'Arthur" (A Morte de Arthur) é provavelmente a versão mais conhecida das lendas arturianas. Ela teve sua primeira edição em 1485 e contém a história completa da vida do Rei Arthur, assim como a busca pelo Santo Graal e histórias sobre dois diferentes Cavaleiros da Távola Redonda: Sir Gareth e Sir Tristan. Até então, a maioria das histórias eram focadas nos elementos pagãos e celtas, mas na versão de Malory, o cristianismo tem um grande papel. Por exemplo, Guinevere se torna uma freira e Lancelot um monge após o caso entre os dois ser descoberto.

A versão de Malory se tornou a base para outras obras. Isso inclui "Idílios do Rei (Idylls of the King)" do poeta vitoriano Lord Alfred Tennyson e o romance de T.H. White "The Once and Future King," que gerou o filme da Disney "A Espada era a Lei".

Com uma história tão longa e variada, parece impossível que Arthur tenha sido uma pessoa de verdade ou que Avalon tenha realmente existido. Mas alguns ainda acreditam. Veremos as teorias na próxima seção.

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