sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Superando o medo

Pesquisas mostraram que ratos com amígdalas danificadas correm na direção de gatos [ref - em inglês]. Isso levou os cientistas a explorarem maneiras de superar o medo. 

Extinção do medo
O cientista Mark Barad, da UCLA (Universidade da Califórnia em Los Angeles), realizou um experimento no qual ele e sua equipe associaram um som a um choque elétrico. Eles tocavam o som e imediatamente aplicavam um choque ao chão de metal da gaiola das cobaias (ratos). Esse é um tipo clássico de condicionamento e não foi preciso muito tempo para que os ratos começassem a se preparar para o choque assim que ouviam aquele som específico. O que aconteceu foi que, naquele ponto, suas amígdalas já haviam associado o som ao choque, bastando o primeiro para criar uma reação de medo. Depois, os pesquisadores começaram o processo de treinamento para a extinção do medo, no qual reproduziam o som sem aplicar o choque. Após várias vezes ouvindo o som sem o choque, os ratos pararam de sentir medo.

A extinção do medo envolve a criação de uma resposta condicionada que contrapõe a reação condicionada àquele medo. Embora os estudos indiquem a amígdala como a localização das memórias de medo formadas por condicionamento, os cientistas teorizam que as memórias de extinção do medo também se formam na amígdala, mas são posteriormente transferidas para o córtex pré-frontal medial (mPFC), no qual são armazenadas. A nova memória criada pela extinção do medo se estabelece no córtex pré-frontal medial e tenta cancelar a memória de medo iniciada na amígdala.

a extinção do medo e o cérebro

A maioria das terapias comportamentais para a extinção do medo concentra-se na exposição. Por exemplo, a terapia para uma pessoa com medo de cobras pode incluir visitas a uma fazenda de cobras e percorrer pequenas etapas. Primeiro, a pessoa pode ficar a 3 m da cobra e ver que nada de terrível acontece. Então, essa pessoa pode ficar a 1,5 m e, ao ver que nada de ruim acontece, pode tomar coragem de chegar perto o suficiente para tocá-la. E esse processo continua até que novas memórias de extinção do medo sejam formadas e sirvam para contradizer aquele medo de cobras. O medo ainda existe, mas a idéia é cancelar sua ação com a nova memória. 

Assistência química
Os cientistas aprenderam que a inibição de uma proteína chamada de NMDA (N-metil D-asparato) presente na amígdala inibe a extinção do medo. Usando a lógica, então, imaginaram que o estímulo da proteína poderia estimular a extinção do medo. E estudos mostram que o antibiótico D-cicloserina (bem conhecido por sua utilização no tratamento da tuberculose) pode ajudar na extinção do medo ao auxiliar a ação da NMDA [ref - em inglês]. Esse tipo de abordagem poderia ser benéfica quando associada com terapias comportamentais que tentem criar memórias de extinção do medo.
Mas a idéia não é substituir a terapia de exposição e sim acelerá-la. Essa hipótese foi testada em um experimento com ratos que haviam sido condicionados a associar uma luz brilhante com um choque nas patas. Quando a luz foi apresentada repetidamente sem o choque, os ratos que haviam recebido a D-cicloserian desaprenderam seu medo muito mais rápido do que aqueles que percorreram o caminho natural. Além disso, o antibiótico também atingiu resultados em um estudo feito com pessoas que tinham medo de altura: após sessões de realidade virtual projetadas para expor os indivíduos a grandes alturas dentro de um ambiente seguro, aqueles que receberam o antibiótico se expuseram a alturas no mundo real com o dobro da freqüência dos participantes que não o receberam.
Esse tipo de pesquisa é muito promissor para pessoas sob o controle das fobias debilitantes e distúrbios de ansiedade. Mas e aqueles de nós que apenas sentem um frio no estômago antes de fazer uma apresentação ou têm dificuldades para chegar perto da sacada do trigésimo andar e apreciar a vista?
Oito dicas práticas
O artigo da revista Prevention intitulado "Do que você tem medo? Oito segredos para fazer o medo sumir" oferece estas dicas para lidar com os medos diários.
  1. Não importa o motivo de você ter medo - saber o motivo de ter desenvolvido um medo específico não ajuda você na hora de superar esse medo e atrasa seu progresso em áreas que realmente vão lhe ajudar a ter menos medo. Relaxe e pare de tentar descobrir o porquê.
  2. Aprenda sobre aquilo que você teme - a incerteza é um grande componente do medo: desenvolver um entendimento do que você tem medo ajuda bastante a apagá-lo.
  3. Pratique - se houver algo que você tem medo de tentar porque parece assustador ou difícil, trabalhe em etapas. Criar familiaridade aos poucos torna essa coisa mais fácil de se controlar.
  4. Descubra alguém que não tem medo - se há algo de que tem medo, encontre alguém que não tenha medo dessa coisa e passe um tempo com essa pessoa, levando-a para lhe acompanhar na hora de enfrentar seu medo. Acredite, vai ficar muito mais fácil.
  5. Fale sobre seu medo - compartilhar seu medo com outras pessoas faz com que ele fique bem menos aterrorizante.
  6. Faça jogos mentais consigo mesmo - se tiver medo de falar na frente de várias pessoas, isso provavelmente acontece porque você acha que elas irão lhe julgar. Tente imaginá-las sem roupa, já que ser o único vestido na sala coloca você na posição de julgá-las.
  7. Pare de olhar a floresta inteira - olhe apenas a árvore que está a sua frente. Se tem medo de alturas, não pense que tem de ir ao quadragésimo andar de um prédio. Em vez disso, concentre-se apenas em entrar no corredor.
  8. Procure ajuda - o medo não é uma emoção simples. Se estiver com problemas para superar um medo sozinho, procure um profissional para ajudá-lo. Há vários tratamentos para o medo, e não há nenhuma razão para você não experimentá-los, desde que tenha a orientação de alguém com treinamento e experiência.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

 
Site Meter