terça-feira, 8 de março de 2011

Cavaleiros Templários

No fim do século 13, restava apenas um pedacinho de terra cristã a ser conquistada pelos muçulmanos na Terra Santa: uma fortaleza com um punhado de Cavaleiros Templários na cidade litorânea de Acre (situada onde atualmente é o norte do Estado de Israel). Sabendo o que iria enfrentar, apesar de contar com milhares de soldados muçulmanos que cercavam o lugar, o sultão Al-Sharaf preferiu oferecer um salvo-conduto para que as duas centenas de Templários deixassem o local levando as riquezas que tinham e assim evitar um combate com eles. O episódio não terminou bem para nenhum dos lados, mas ilustra o temor que esses "guerreiros de Cristo" impunham em seus adversários durante os dois séculos em que a Ordem dos Pobres Cavaleiros de Cristo e do Templo de Salomão existiu.





Cavaleiro Templário
© iStockphoto.com /Abramova_Kseniya
A Ordem dos Cavaleiros Templários, como ficou mais conhecida, surgiu da iniciativa de um grupo de nobres franceses no começo do século 12 de garantir as conquistas na Terra Santa feitas pela Primeira Cruzada e de proteger os peregrinos europeus que para lá se dirigiam. O grupo ganhou a benção de ninguém menos do que o futuro São Bernardo - o monge e abade francês Bernardo de Clairvaux, um dos mais influentes intelectuais da Europa na época. Com a ajuda dele, a Ordem conseguiu o apoio oficial do papa e privilégios especiais que a tornaram a mais importantes ordem militar a serviço da Igreja Católica. Rapidamente, os Templários obtiveram também o apoio de reis e da nobreza europeia que lhes fizeram doações e deixaram heranças tornando a Ordem rica e poderosa, o que a levaria a funcionar como uma espécie de banco internacional.

A Ordem dos Templários acabou perseguida e extinta há sete séculos, pela própria Igreja que a apoiou e deu-lhe poder. Mesmo assim, não param de surgir narrativas lendárias sobre seus feitos. Na imaginação de muitas pessoas as aventuras dos Templários envolveram a busca do Santo Graal, a guarda da Arca da Aliança e a descoberta de supostos segredos do Templo de Salomão que possibilitariam uma comunicação com Deus, entre outras coisas místicas. Muitas dessas lendas nasceram a partir da mistura de fatos históricos, crenças religiosas e, principalmente, de suposições alimentadas pelos mistérios que envolviam o funcionamento da Ordem.

Lendas à parte, uma das evidências sobre os Templários, confirmada por historiadores, é a bravura e o fanatismo religioso que eles demonstravam. Isso os levou a cometer verdadeiras batalhas suicidas crentes de que sempre tinham Deus ao seu lado. Além disso, eles tinham permissão divina para matar os "infiéis" conforme atestou Bernardo de Clairvaux no "Livro dos Soldados do Templo". Segundo o futuro santo, nesses casos os Templários não estariam desrespeitando os Dez Mandamentos, afinal não matariam homens e sim a encarnação do "mal": “o soldado de Cristo é o instrumento de Deus para a punição dos malfeitores e para a defesa dos justos. Na verdade, quando ele mata malfeitores, não se trata de homicídio, mas de malicídio”.



Banqueiros internacionais

Menos de meio século após sua fundação, a Ordem dos Pobres Cavaleiros de Cristo e do Templo de Salomão só era pobre no nome. Reis e nobres da Espanha, França e Inglaterra doaram para a Ordem castelos, propriedades, títulos de nobreza e autoridade territoriais que a fez acumular milhares de propriedades espalhadas pela Europa Ocidental, regiões do Mediterrâneo e Palestina. Sua força militar e os votos de fé cristã a tornou também confiável para fazer a coleta, o armazenamento e a entrega de barras de ouro, moedas e outras riquezas de nobres europeus em seus países e na Terra Santa. Os Templários estabeleceram uma rede segura de locais para guarda dos tesouros e de transporte de valores que passou a funcionar como verdadeiro banco internacional tanto para realezas como para os peregrinos que iam para a Terra Santa. Além de cobrarem juros (ironicamente algo condenado pela Igreja Católica) quando realizavam empréstimos das riquezas que guardavam e estarem isentos de impostos e do dízimo, eles também lucravam com heranças que recebiam de monarcas e nobres, como a fortuna deixada para a Ordem pelo rei Henrique 2.° da Inglaterra.

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