© iStockphoto.com /Duncan1890 Gravura reproduz a morte do marechal dos Templários Jacques de Mailly |
Apesar de possuírem vários inimigos, enquanto os territórios cristão permaneceram protegidos na Terra Santa, os Templários mantiveram seu poder e influência. No entanto, uma atitude de arrogância começou a fazer o prestígio da Ordem ruir. Desde 1170, quando subiu ao poder, o líder muçulmano Saladino iniciou um processo de unificação no mundo muçulmano que fez os territórios cristãos na Terra Santa ficarem totalmente cercados. Saladino pretendia retomar todas as cidades na Palestina que foram conquistadas pelos cristãos durante as Cruzadas. As tropas muçulmanas de Saladino e os Templários já tinham se enfrentado em várias batalhas.
Em 1187, uma tropa de cerca de cinco mil soldados muçulmanos liderados por Al-Afdal, filho de Saladino, pediu permissão para atravessar pacificamente a Galiléia. Raimundo 3.°, príncipe da Galiléia, mantinha um acordo de paz com Saladino e autorizou a passagem da tropa muçulmana. Mas o grão-mestre dos Templários, Gérard de Ridefort tinha desavenças com Raimundo e ao saber da autorização decidiu atacar os muçulmanos com cerca de uma centena de cavaleiros. Os Templários foram massacrados - Ridefort fugiu - e Saladino considerou o acordo rompido e atacou o Reino de Jerusalém. Em outubro de 1187 ele tomou a cidade e mais de duas centenas de Cavaleiros Templários foram decapitados.
Os cristãos, no entanto, mantiveram outras cidades na região e com a ajuda dos Templários e da Terceira Cruzada, organizada e liderada pelos reis Filipe Augusto, da França, Frederico Barbaruiva, do Sacro Império Romano Germânico, e Ricardo Coração de Leão, da Inglaterra, chegaram a recuperar por alguns anos Jerusalém. As disputas acirraram-se ao longo do século 13 e em 1291 restava apenas a cidade de Acre, sede do cada vez menor reino cristão na Palestina. O último bastião cristão na Terra Santa foi uma fortaleza dos Cavaleiros Templários na ilha de Ruad que resistiu durante doze anos aos ataques muçulmanos até que caiu em 1303.
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A perda da Terra Santa foi o argumento que os inimigos dos Templários necessitavam para atacar a Ordem que agora não tinha mais razão de existir mas que continuava rica e poderosa - lembre-se que a finalidade dos Templários era proteger os territórios cristãos na Terra Santa e os peregrinos. O principal inimigo deles nesse caso era o rei Filipe, o Belo, da França, que estava interessado no confisco dos bens da Ordem. Para piorar as coisas, o então papa Clemente 5.° era um fantoche do rei da França. Em 1307, três anos após um ex-cavaleiro templário ter acusado a Ordem de blasfêmia e imoralidade, Filipe ordenou a prisão de todos os cerca de 15 mil Templários em território francês. Ele os acusou de heresia, com a adoração de ídolos e rituais secretos que negavam Cristo, e por imoralidade, como a prática de homossexualismo, entre outros crimes que certamente levariam à condenação por morte na fogueira nos tribunais da Inquisição.
A perseguição orquestrada pelo rei francês incluiu torturas para obter falsas confissões e pressões para que o papa Clemente 5.° revogasse uma decisão do Concílio de 1311 que considerou os Templários inocentes das acusações. As propriedades dos Templários em toda a Europa foram confiscadas ou transferidas para outra ordem militar-religiosa, a dos Hospitalários. A perseguição política aos Cavaleiros Templários empreendida por Filipe, o Belo, e o papa levaram ao fim da Ordem mas não acabaram com o imenso prestígio que eles construíram na Europa e na Terra Santa e acabaram por alimentar novas lendas e mistérios que envolvem os Templários até hoje.
Se há alguma conspiração que envolve algo sagrado, há uma grande chance de os Templários estarem nela. Pelo menos é o que a imaginação popular e de escritores tem nos mostrado. Exemplos não faltam: das lendas sobre a busca do Santo Graal a romances como "O Pêndulo de Foucault", de Umberto Eco, e "O Código da Vinci", de Dan Brown. A fama que os Templários alcançaram na Idade Média, os mistérios que envolviam os planos e rituais da Ordem e os locais onde ela se estabeleceu alimentam lendas e mitos sobre os Templários. Para muitos, eles teriam descoberto coisas sagradas em escavações que fizeram na sede da Ordem em Jerusalém, supostamente localizada onde teria sido o Templo do Rei Salomão e local onde ficou guardada a Arca da Aliança. Especula-se que eles teriam achado o Santo Graal ou a cabeça embalsamada de Jesus Cristo, o que provaria que ele não teria ressuscitado. A maçonaria reivindicou, séculos após a destruição da Ordem, ser herdeira de seus ensinamentos esotéricos. Outra teoria conspiratória sustenta que os Templários faziam parte de uma trama para preservar a linhagem sagrada de Jesus.
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