sexta-feira, 4 de março de 2011

Vida e morte em uma seita


Foto cedida por Getty Images
David Hume Kennerly

900 pessoas mortas na sede do Templo do Povo em Jonestown, Guiana
Não há uma única descrição que se enquadre no estilo de vida de cada seita destrutiva existente por aí. Mas existem alguns temas comuns. Muitos ex-membros descrevem como um tipo de existência constantemente isolada, em que a principal atividade é a repressão dos medos e ansiedades. Cantos e meditação tornam-se os principais mecanismos usados para este fim. Separados da família, dos velhos amigos e do mundo externo, suas vidas anteriores se transformam num sonho. 

Na nova vida, o crescimento psicológico pára, os membros são colocados em uma vida estática que depende do não pensar, não questionar, não imaginar, não lembrar. Crianças que crescem em uma seita destrutiva são atrofiadas facilmente. Normalmente, não vão para a escola e a seita pode ou não fornecer-lhes estudos. 

As seitas precisam de alimentos, abrigo e roupas como todo mundo e, a menos que tenham um doador rico ou que fiquem realmente isolados, vivendo em uma selva e plantando seus próprios alimentos, isso significa que precisam de dinheiro. Algumas seitas ganham dinheiro através de meios legais para seu sustento. A seita O Portal do Paraíso, em San Diego, estava administrando um bem sucedido negócio de web design antes de ter cometido suicídio coletivo em 1997. Algumas seitas cometem crimes como fraude e sonegação de impostos para conseguirem se sustentar. Podem usar técnicas enganosas para arrecadação de fundos ou pedir que seus novos membros façam contribuições financeiras significativas para sustentar a seita. 

Acima de tudo, a vida em uma seita totalista é normalmente caracterizada por controle rígido. Existe bem pouca liberdade no cotidiano: o líder determina o que cada membro pode e não pode fazer em cada minuto do dia. Isto inclui o que comer, ler, com quem conversar, o que vestir, aonde ir e por quanto tempo ele pode dormir. O líder toma decisões e os seguidores fazem exatamente o que ele decidir. 

Para algumas pessoas, viver assim é um alívio, pois a vida é simples. Não há perguntas sem respostas, incertezas, preocupações a respeito do futuro ou administração de desejos conflitantes. Fora dali, as vidas de algumas pessoas eram tão horríveis que o culto acaba sendo um lugar seguro e feliz. No entanto, em muitos casos este estilo de vida causa intenso sofrimento psicológico. Muitas pessoas vivem com medo de irritar o líder ou de perder a aprovação do grupo. Devem constantemente evitar a tensão entre o mundo da seita e a vida anterior. Além disso, devem reprimir quaisquer dúvidas ou lembranças que surgirem. Em alguns casos, também existe a possibilidade de danos físicos. As punições por desobediência podem ser físicas e os membros da seita são privados de hospitais e assistência médica regular. Alguns estudos mostram que as crianças nas seitas destrutivas estão mais propensas a serem maltratadas do que as outras crianças que vivem fora dali. 

Este nível de estresse pode levar a uma ansiedade crônica, doenças físicas ou até a um completo esgotamento nervoso, no qual o membro da seita pode ficar incapaz de agir no dia-a-dia. As pessoas que passam por momentos tão estressantes são as mais propensas a sair voluntariamente de lá. Na próxima seção, vamos descobrir quais opções elas têm para abandonar uma seita destrutiva.
Incidentes famosos ocorridos em seitas
  • 1997, San Diego, Calif.: O Portal do Paraíso
    39 membros cometeram suicídio por overdose e sufocamento.
  • 1994-1995, Canadá, Suíça, França: Ordem do Templo Solar
    Mais de 65 membros morrem em uma série de assassinatos e suicídios coletivos.
  • 1993, Waco, Texas: Davidianos
    80 membros morrem por causa de incêndio e de tiros durante um confronto entre o FBI e o departamento do tesouro norte-americano, responsável pelo cumprimento das leis de comercialização e produção de bebidas alcoólicas, cigarros e armas de fogo.
  • 1978, Jonestown, Guiana: O Templo do Povo
    O líder Jim Jones e mais de 900 membros morrem por envenenamento e tiros, em um assassinato/suicídio coletivo.
  • 1969, Los Angeles, Calif.: A Família Manson
    Charles Manson e seus seguidores cometem assassinato em massa, deixando nove pessoas brutalmente mortas em duas semanas.

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