A seita destrutiva usa inúmeras técnicas para fazer com que os membros fiquem, comprometam-se e participem até de atividades que podem ser prejudiciais. A soma destas técnicas constitui o que algumas pessoas chamam de controle mental. É também conhecida como lavagem cerebral e persuasão e envolve o sistemático rompimento do sentido do 'eu' de uma pessoa.
Patty Hearst, herdeira da fortuna Hearst, ficou famosa nos anos 70 após ter sido seqüestrada pelo Exército Simbionês de Libertação, que alguns consideram uma "seita política" e, aparentemente, ela sofreu lavagem cerebral ao entrar para o grupo. Existem relatos de que Hearst foi trancada em um armário escuro por vários dias após o seqüestro, passou fome, cansaço, foi brutalizada e temeu perder sua vida enquanto membros do Exército Simbionês de Libertação a bombardeavam com sua ideologia política anticapitalista. Dois meses após ter sido seqüestrada, Patty mudou de nome, emitiu uma declaração na qual se referia à sua família como os "porcos-Hearsts" e apareceu em uma fita de segurança roubando um banco junto com seus seqüestradores.
Controle mental é um termo geral para várias técnicas de manipulação usadas para conseguir que as pessoas façam algo que normalmente não fariam. Seu conceito é controverso, alguns dizem que é mera propaganda usada para espantar as pessoas de novas religiões e movimentos políticos. No entanto, a maioria dos psicólogos acredita que as técnicas de lavagem cerebral, similares às usadas em interrogatórios de prisioneiros, mudam os processos de pensamento de uma pessoa. Na doutrina e na escolha de pessoas para participar de seitas, estas técnicas incluem os itens abaixo relacionados.
- Decepção - as seitas usam truques para conseguir membros e para fazer com que se comprometam com uma causa ou estilo de vida do qual não têm total conhecimento.
- As seitas enganam os novos recrutas/membros a respeito das verdadeiras expectativas e atividades do grupo.
- Escondem qualquer sinal de práticas ilegais, imorais ou super controladoras até que o novato esteja totalmente envolvido com o grupo.
- O líder pode usar a consciência alterada dos membros, induzida por atividades como meditação, cantos ou uso de drogas, para aumentar a vulnerabilidade às influências.
- Isolamento - eles tiram os membros do convívio social (até mesmo entre eles) para conseguir introspecção intensa, confusão, perda de perspectiva e um senso de realidade distorcido. Os membros da seita passam a ser seus únicos contatos sociais e seu único mecanismo de reação.
- Podem impedir que novos membros conversem com outros novos membros. Talvez eles só possam conversar durante um curto período com membros que já estejam comprometidos com a seita há bastante tempo.
- Não podem ter contato não supervisionado com o mundo externo. Desta forma, não há chances de uma "tomada de consciência" ou confirmação das preocupações de um novo membro com relação ao grupo.
- As seitas normalmente infundem a crença de que os que não são membros do grupo são perigosos.
- Dependência induzida - as seitas exigem devoção, lealdade e submissão absoluta e inquestionável. O sentido do 'eu' de um membro de uma seita é sistematicamente destruído. No fim das contas, sentimentos de inutilidade e maldade são associados à independência e pensamento crítico, já os sentimentos de cordialidade e amor passam a ser associados à submissão inquestionável à seita.
- O líder normalmente controla cada minuto da vida de um membro. Não há tempo livre para pensar ou analisar.
- É dito aos membros o que comer, vestir, como alimentar seus filhos, quando dormir. E eles são impedidos de tomar decisões.
- Quaisquer talentos especiais que ele possa ter são imediatamente desvalorizados e criticados a fim de confundir seu sentido de valor próprio.
- Quaisquer dúvidas, certezas ou laços com o mundo externo são punidos pelo grupo através de criticismo, culpa e alienação. Perguntas e dúvidas são sistematicamente "viradas de ponta cabeça" para que ele se sinta errado, inútil e "maldoso" por perguntar. O membro se sente amado novamente ao renunciar a essas dúvidas e ao se submeter à vontade do líder.
- Pode ser privado de alimentação adequada e/ou sono para que sua mente fique confusa.
- O líder pode alternar momentos de elogios e carinho com desprezo e punição para mantê-lo desequilibrado, confuso e, dessa forma, causar insegurança. De vez em quando, pode oferecer presentes e privilégios especiais para que ele continue submisso.
- Pode ser pressionado a confessar seus pecados em público, depois é cruelmente ridicularizado pelo grupo por ter sido cruel e sem valor. Se sente amado novamente quando toma conhecimento de que sua devoção à seita é a única coisa que pode lhe trazer salvação.
- Medo - uma vez que a total dependência é estabelecida, ele deve continuar apoiando o líder ou sua vida pode desmoronar.
- O líder pode punir a dúvida e a insubordinação com trauma físico e emocional.
- Uma vez que os laços com o mundo externo são desfeitos, ele sente que o grupo é sua única família e que não tem outro lugar para ir.
- A satistação às suas necessidades depende da boa vontade do líder. Ele deve "se comportar" ou não recebe comida, água, interação social ou proteção do mundo externo.
- Passa a acreditar que apenas os membros do grupo estão salvos, portanto, se ele sair vai enfrentar a maldição eterna.
Doutrina ou controle mental é um processo longo e interminável. Os membros estão sempre sujeitos a estas técnicas, pois é parte da rotina de uma seita. Alguns se adaptam bem após um período de tempo, aceitando seu novo papel de membro do grupo e deixando de lado seu antigo sentido de independência. Para outros, é uma experiência eternamente estressante. Na próxima seção, vamos dar uma olhada em como é viver no confinamento de uma seita destrutiva.
Nenhum comentário:
Postar um comentário