Tema de poemas medievais a filmes, como “Indiana Jones e a Última Cruzada” (direção de Steven Spielberg, 1989), o Santo Graal, independentemente da forma que assume, tem sido predominantemente o símbolo da união espiritual do homem com o que é divino. A busca do Graal assim representaria a trajetória do ser humano para alcançar a verdade e o amor guardados pelos deuses. As várias versões que esse mito assumiu nas artes têm fascinado e instigado nossa imaginação há séculos.
©iStockphoto.com/cjp Em algumas versões, o Santo Graal é a lança que feriu Jesus durante a crucificação |
Em “Conde do Graal”, Chrétien de Troyes mostra o herói Perrcival como um cavaleiro errante e inocente. A aparição do Graal nessa obra se dá quando Percival vai a uma festa em um misterioso castelo cujo proprietário é um tal de Rei Pescador. Entre várias visões mágicas que Percival tem durante a festa, como a de uma espada partida que precisava ser forjada, aparece o Graal.
Na obra “Parzival”, do poeta bávaro Wolfram von Eschenbach, o Graal torna-se um objeto ecumênico. Primeiro ele deixa de ser um cálice para ser representado como uma pedra luminosa que caiu do céu. Depois, não são as pessoas que buscam o Graal, mas ele que as convoca. Assim, os guardiões do Graal são pessoas escolhidas por Deus, não importa se cristãos ou muçulmanos.
A lança de um centurião romano que teria ferido Jesus na cruz e ficado com o seu sangue na ponta é descrita em muitas narrativas escritas na Alta Idade Média como o Graal. O culto à lança sagrada espalhou-se pela Europa e sua similaridade com símbolos pagãos, como a lança de Lugh, o deu sol da mitologia celta, e a lança de Wotan, deus teutônico da vitória e da morte, fez com que a Igreja Católica condenasse a associação.
Mas a ideia de uma lança sagrada como sendo o Graal atravessou séculos e tornou-se objeto de cobiça por muitos homens poderosos como Carlos Magno e Napoleão Bonaparte. No museu de Hofburg em Viena, na Áustria, por exemplo, estava exposta uma lança imperial que teria sido justamente a que feriu Jesus na cruz. Esse objeto exerceu enorme fascinação junto a um menino que visitou o museu e que faria de tudo para tê-la. O nome dele era Adolf Hitler e quando os aliados ocuparam o castelo de Nuremberg, no fim da Segunda Guerra Mundial, a lança que seria o Santo Graal e teria poderes especiais lá estava.
Ao longo da história o Graal assumiu diferentes formas. Excalibur, a enigmática espada do Rei Arthur, foi considerada o Santo Graal em muitas narrativas, assim como em outras o Graal seria uma esmeralda que caiu de Lúcifer, o Anjo da Luz, enquanto este ainda habitava o céu, e acabou esculpida na forma de um cálice. Já num dos maiores sucessos literários contemporâneos, a obra “O Código Da Vinci”, de Dan Brown, o Santo Graal seria a linhagem sagrada de descendentes de Jesus.
Independente do seu formato, o que tem predominado no conteúdo das lendas sobre o Santo Graal e também no estudo histórico dessas narrativas é a associação desse objeto esotérico com a Ordem dos Cavaleiros Templários, uma das mais intrigantes e poderosas sociedades secretas que já existiu. E, principalmente, a simbologia dele como uma forma de união espiritual do homem com o que é divino.
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